A recepção dos jogadores da Seleção Brasileira de futebol masculino que vão disputar a Olimpíada 2016 é marcada por protestos na Granja Comary, em Teresópolis, nesta segunda-feira (18). Com cartazes em português e inglês, profissionais da Educação e famílias que perderam as casas na enchente de 2011 recepcionam os esportistas com uma mensagem de “bem-vindos ao caos”. Não há torcedores na entrada do centro de treinamento.
Os manifestantes reclamam da falta de investimentos na educação pública, enquanto apontam altos gastos para o evento mundial que terá início no dia 5 de agosto no Rio de Janeiro. Eles se uniram às vítimas da tragédia natural que deixou dezenas de desabrigados que cobram o pagamento do Aluguel Social e a entrega de casas populares pelo governo. O ato começou antes da chegada dos primeiros jogadores à Granja, local onde a Seleção vai se preparar as disputas, por volta das 8h.
“Cinco anos e seis meses se passaram e nada foi entregue. O aluguel social foi suspenso, pessoas estão sendo despejadas e ninguém faz nada”, diz a manicure e cabeleira, Simone da Silva, de 43 anos, que mora, de favor, na cada de um amigo. Ela e outros manifestantes empunham cartazes com frases como “Não queremos tocha, queremos nossas casas”.
O jardineiro José Luis Freitas, de 46 anos, espera, com o ato, chamar a atenção para a situação.
“Vivemos a catástrofe dentro da catástrofe. Não queremos mais o aluguel social, queremos as casas”, reclama ele.
Educação pede investimentos
Os servidores da Educação reclamam do atraso nos pagamentos dos salários e da estrutura dos colégios, além da falta de merenda e de porteiros nas unidades.
“Nossos salários estão sendo pagos no décimo dia útil. Antes era no segundo dia útil. Estão descontando os dias que estamos de greve; mais de 70% do vencimento. As escolas estão sem porteiro, sem merenda, porque o estado paga 46 centavos por aluno”, protesta a professora Luciane Nunes.
Prefeitura afirma que falta infraestrutura em conjunto habitacional
A Prefeitura de Teresópolis informou, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, que para a segurança viária dos futuros moradores, a liberação das unidades habitacionais na Fazenda Ermitage, às margens da BR-116 (Estrada Rio-Bahia), depende da conclusão das obras da passagem subterrânea de pedestres e da construção de um viaduto. De acordo com o município, a intervenção é de responsabilidade do Estado.
A Prefeitura informou ainda que o Governo Estadual paga o aluguel social à aproximadamente 1.600 famílias, enquanto o município é responsável pelo benefício de cerca de 700 famílias, porém, não informou sobre a suspensão dos pagamentos apontada pelos manifestantes.
As primeiras 740 unidades da Fazenda Ermitage foram sorteadas no dia 14 de abril pelo Governo do Estado/Secretaria de Obras e a Caixa Econômica Federal.
A reportagem entrou em contato também com o Governo do Estado do Rio e aguarda um posicionamento sobre os problemas relatados pelos manifestantes.
Fonte: G1 Região Serrana