Consumidores ganharão uma nova modalidade de pagamento em 2019, com juros menores e opções de parcelamentos mais longos. Segundo Ricardo Vieira, diretor executivo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), a expectativa é que o serviço, que funcionaria como uma espécie de crediário, esteja disponível para o público ainda no primeiro trimestre do ano que vem.
—Trata-se de uma modalidade nova, que não substitui nenhum dos serviços já existentes, mas vem somar na prateleira de produtos oferecidos ao consumidor — explica Vieira.
O pagamento por meio de consórcio será feito com o próprio cartão de crédito, e as condições de juros e parcelamento serão definidas por cada instituição bancária e de acordo com o perfil de cada cliente, como ocorre com a fixação do limite de crédito atualmente, por exemplo.
De acordo com o diretor executivo da Abecs, os juros cobrados nessa modalidade seriam similares aos do crédito consignado, que são os menores do mercado: variam entre 1,18% e 6,52% ao mês, dependendo do banco. No cartão de crédito rotativo, para se ter uma ideia, as taxas variam entre 3,5% e 20% ao mês.
No entanto, as taxas seriam cobradas em todas as compras, o que não ocorre com o cartão de crédito, quando o consumidor paga a fatura no valor total e em dia. Ainda assim, Vieira argumenta que os juros aparentemente não cobrados estão embutidos nos preços dos produtos.
— Não existe parcelamento em 12 vezes e sem juros. O consumidor acredita que está pagando sem juros, mas, na verdade, não está, pois está levando um produto mais caro. O crediário vai permitir um desinflacionamento dos preços — argumenta.
Para ele, a nova modalidade é vantajosa também para o comerciante, que receberá o valor dos produtos parcelados à vista, enquanto nas vendas com cartão de crédito isso não ocorre. O professor do MBA de Finanças do Ibmec-RJ, Filipe Pires, também acredita que o lojista poderá ser beneficiado com o serviço.
— Mais de 40% das vendas no varejo são parceladas, e o consórcio joga para o consumidor um custo que antes seria do lojista. Por outro lado, possibilita parcelamentos em mais vezes, com juros menores, em comparação ao crédito rotativo — avalia.
O especialista alerta, no entanto, para a importância de se planejar financeiramente e não perder o controle dos gastos.
— Quanto mais oportunidade você dá para que o cliente consuma, provavelmente maior será a dívida que ele acumulará ao longo do tempo. Do ponto de vista do mercado, essa nova modalidade é ótima, pois gera liquidez e maior capital de giro para o comerciante, que pode fazer mais promoções. Mas para o consumidor que não se planeja, que não presta atenção ao seu custo mensal, pode ser que tome um susto quando vir a fatura do cartão, porque além do parcelamento do cartão de crédito, vai ter o parcelamento do crediário. Comprar à vista é sempre melhor, desde que não haja risco de inadimplência — afirma Pires.
Fonte: Extra