O Rio, um dos maiores mercados consumidores de vendas pela internet do país, vem perdendo espaço. Grande parte dos pequenos e médios empresários prefere não entregar encomendas no estado e aqueles que mantêm passaram a cobrar, em média, 10% a mais no frete para os clientes no primeiro trimestre do ano.
A estimativa é da Tray, unidade de e-commerce da Locaweb, que possui mais de nove mil lojistas em sua carteira de clientes. Para os empresários, além do roubo de cargas e aumento do custo de seguro, logística e atendimento ao consumidor, os problemas de entrega dos Correios e a implementação da taxa emergencial de R$ 3 para qualquer encomenda destinada à capital estão entre as principais causas de desestímulo aos negócios.
— Os pequenos e médios entregam com os serviços dos Correios, e há restrições em parte do município do Rio. Embora os consumidores não recebam (a mercadoria) em casa, eles ainda terão que pagar essa taxa de entrega diferenciada. O cliente culpa o lojista — observa Willians Marques, diretor-geral da Tray.
Para o presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOMM), Maurício Salvador, a taxa dos Correios prejudica as vendas pela internet:
— A cobrança de mais uma taxa sufoca ainda mais o microempresário brasileiro. Precisamos de qualidade no serviço e não de taxas adicionais.
Os Correios dizem que “a suspensão da liminar (que impedia a cobrança) comprova que a taxa emergencial pela empresa não é ilegal”.
Os impactos no setor de vendas online provoca outras consequências econômicas no estado. Uma delas é visível no setor imobiliário. Um em cada três galpões cariocas está vazio. Somente em fevereiro, a disponibilidade de empreendimentos industriais e logísticos na capital fluminense alcançou 32,7%, salto de quase 8 pontos percentuais com relação a janeiro.
O mercado carioca de empreendimentos industriais e logísticos teve o mês de fevereiro marcado por devolução de grande impacto nos números da cidade, além de novas entregas. Segundo especialistas, foi a nova movimentação causada pela crise de segurança no Rio que chamou a atenção.
A devolução de 90 mil m² na região da Avenida Brasil por uma empresa de e-commerce, e a entrega de uma área total de 85 mil m², elevaram a taxa de disponibilidade da cidade, passando de 25,5% em janeiro, para 32,7%. Só a região da rodovia Washington Luís, principal área logística do Rio, está com metade (47,1%) de seus condomínios logísticos vazia.
— As empresas estão considerando outros estados, como São Paulo e Minas, para o abastecer o Rio — explica Abiner Oliveira, diretor de Industrial e Logística da NAI Brazil.
O Rio também vem perdendo participação no total de vendas online, passando de 12% para 10%, podendo encerrar o ano em 9% das compras totais.
— Na questão de investimento, o Rio não é mais para onde a gente olha — destaca Fábio Fialho, diretor de estratégia e comercial da Synapcom Consultoria.
FONTE: Jornal Extra