A intervenção federal na Segurança do Rio de Janeiro completa um mês nesta sexta-feira (16) sem apresentar muitos resultados nas ruas. Na prática, a ação militar se pautou, nestes primeiros dias, na troca das chefias das polícias Militar e Civil e ações iniciais em algumas regiões, como a Vila Kennedy. Passada essa primeira fase de constituição das equipes, o Gabinete de Intervenção Federal (GIF) prometeu recursos para que os novos gestores possam cuidar do dia-a-dia e ainda produzir algum resultado.
“Se os recursos prometidos forem entregues a nós, os resultados irão aparecer”, garantiu o secretário de Segurança, o general Richard Nunes, durante a posse do coronel Luís Cláudio Laviano, como novo comandante da Polícia Militar do RJ. A atuação do governo federal na segurança do Rio de Janeiro está prevista para durar até 31 de dezembro.
Quando o presidente da República, Michel Temer assinou o decreto da intervenção encontrou uma situação caótica na segurança pública do Rio.
- Assaltos e arrastões no carnaval
- Policiais desmotivados
- Polícias sucateadas
Após 30 dias o quadro mudou pouco. De prático, novos nomes assumiram as chefias das duas instituições. Mas nas ruas os crimes praticados ainda deixam nas pessoas um clima de insegurança. Apenas na noite de quarta-feira (14), no período de 2h, três homicídios em diferentes bairros do Rio assustou as pessoas: Na Barra da Tijuca, Marcelo Diotti da Mata, foi morto no estacionamento de um restaurante; Claudio Henrique Costa Pinto, de 43 anos, empresário do ramo de transporte, foi vítima de um assalto diante do filho de quatro anos, no Cachambi, Zona Norte da cidade e a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes.
No dia seguinte ao assassinato da vereadora, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou que o crime não atrapalhará a intervenção. Já o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, prometeu que os responsáveis vão para a cadeia.
Além desses três assassinatos, este primeiro mês foi marcado por outros casos de violência:
- Rebelião na Cadeia Milton Dias Moreira, em Japeri
- Tiroteios em comunidades como a Praça Seca, em Jacarepaguá
- Arrastões e assaltos na Linha Amarela e na Avenida Brasil
Um desses ataques nas vias expressas resultou na morte do sargento das Forças Especiais do Exército Bruno Cazuca, de 35 anos. O militar foi surpreendido por homens armados em um arrastão. A morte do sargento levou a PM a fazer uma operação na Vila Kennedy, Zona Oeste da cidade, onde recuperou a arma do militar.
Após comandar a operação, o subcomandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), da Vila Kennedy, o segundo tenente Guilherme Lopes da Cruz, de 26 anos, foi surpreendido por homens armados quando parou para fazer um lanche. De acordo com policiais do 18°BPM (Jacarepaguá), que foram acionados para a ocorrência, a vítima teria sido abordada por dois criminosos.
Desde então, o Exército iniciou uma série de operações na Vila Kennedy – seis até o momento. São idas, para a retirada de barreiras, mapeamento e ações contra traficantes. Durante uma dessas ações chamou atenção a prática dos militares de tirar fotos de moradores. Órgãos como a OAB-RJ e a Defensoria Pública questionaram, mas, segundo o comando da intervenção não se trata de um “fichamento”, e sim um processo para acelerar a consulta a antecedentes criminais sem levar pessoas às delegacias.
De acordo com o general Braga Netto, o Rio é “um laboratório para o Brasil”
As primeiras ações da intervenção
- Mudanças nas chefias das polícias Civil e Militar
- Operações na favela Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio
- Apreensões de armas e munições pela Desarme e PRF nas rodovias de acesso ao Rio
Opiniões das autoridades
O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, fez, nesta quinta-feira (15), um balanço sobre o primeiro mês de intervenção ao ser questionado por jornalistas.
“Imbecil é quem imaginou que em 30 dias nós teríamos solucionado a questão da violência no Rio de Janeiro, essa nunca foi a nossa pretensão, nós temos um trabalho de longo curso, ele será realizado”, afirmou o ministro.
À tarde, no Rio, o ministro Jungmann afirmou que “os resultados existem e vão ganhar cada vez mais visibilidade”. “A intervenção nunca se propôs a fazer mágica. Se propôs a trabalho, trabalho, trabalho”, comentou o ministro.
Fonte: G1