A Federação Única dos Petroleiros (FUP) iniciou na madrugada desta quarta-feira (30), uma greve de 72h pelo país. Na véspera, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou o movimento abusivo e estipulou multa de R$ 500 mil por dia aos sindicatos, após ação ajuizada pela Petrobrás e a Advocacia-Geral da União (AGU).
Em comunicado, publicado pouco depois da 1h, a FUP relata que os funcionários “não entraram para trabalhar” em refinarias de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Amazonas e Pernambuco. Segundo a federação, a greve prosseguirá até a meia noite de sexta-feira (1) nas bases operacionais e administrativas dos 13 sindicatos que integram a FUP.
A FUP afirma, entretanto, que não há risco de desabastecimento ao país. “Os tanques das refinarias estão abarrotados de derivados de petróleo, em função dos protestos dos caminhoneiros. A nossa greve é para defender o Brasil, é para que os brasileiros paguem um preço justo pelo gás de cozinha e pelos combustíveis”, afirmou, em comunicado divulgado na página da federação o coordenador geral José Maria Range.
Procurada pela reportagem, a Petrobras ainda não se manifestou sobre a paralisação nas refinarias.
Apesar do anúncio da Federação, a movimentação de caminhões de combustíveis na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense, acontecia normalmente nesta manhã.
Segundo a FUP, a paralisação acontece nos seguintes terminais: Reman (AM), Abreu e Lima (PE), Regap (MG), Duque de Caxias (Reduc, RJ), Paulínia (Replan), Capuava (Recap), Araucária (Repar), Refap (RS), além da Fábrica de Lubrificantes do Ceará (Lubnor), da Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) e da unidade de xisto do Paraná (SIX). Também não houve troca dos turnos, segundo a FUP, nos terminais de Suape (PE), Paranaguá (PR) e Bacia de Campos (RJ).
Os petroleiros decidiram parar as atividades em solidariedade ao movimento dos caminhoneiros e para pedir a destituição de Pedro Parente do comando da estatal, entre outras reivindicações. A categoria pede a redução dos preços do gás de cozinha e dos combustíveis, através de mudanças imediatas na política de reajuste de derivados da Petrobras.
Em Vitória, onde não há refinarias, mas existem terminais da Petrobras, os petroleiros também fazem um protesto em frente à sede da estatal.
Liminar
A ministra Maria de Assis Calsing, do TST, concedeu liminar (decisão provisória) na qual classifica como “aparentemente abusivo” o caráter da greve de 72 horas de funcionários da Petrobras. “Defiro parcialmente o pedido para que, diante do caráter aparentemente abusivo da greve e dos graves danos que dela podem advir, determinar aos Suscitados que se abstenham de paralisar suas atividades no âmbito da Petrobras e de suas subsidiárias, nos dias 30 e 31 de maio e 1.º de junho de 2018 e de impedir o livre trânsito de bens e pessoas”.
Post no Facebook da FUP
A greve nacional dos petroleiros contra a política de preços de derivados da Petrobrás começou aos primeiros minutos desta quarta-feira, 30, em diversas refinarias e terminais da empresa.
Os trabalhadores não entraram para trabalhar nas refinarias de Manaus (Reman), Abreu e Lima (Pernambuco), Regap (Minas Gerais), Duque de Caxias (Reduc), Paulínia (Replan), Capuava (Recap), Araucária (Repar), Refap (RS), além da Fábrica de Lubrificantes do Ceará (Lubnor), da Araucária Nitrogenados (Fafen-PR) e da unidade de xisto do Paraná (SIX).
Também não houve troca dos turnos nas refinarias de Suape (PE) e Paranaguá (PR).
Na Bacia de Campos, as informações iniciais eram de que os trabalhadores também aderiram à greve em diversas plataformas.
O movimento prossegue pela manhã, quando estão previstas paralisações nas demais bases do Sistema Petrobrás.
Também nesta quarta-feira, 30, serão realizados atos e manifestações em apoio e em solidariedade à luta dos petroleiros contra a política de preços imposta pelo presidente da Petrobrás, Pedro Parente, que gerou uma escalada de aumentos abusivos no gás de cozinha e nos combustíveis.
Impacto
O Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado-SP) informou que não foram efetuadas as trocas de turnos da Replan às 23h30 de terça-feira (29) e nem às 7h30 desta quarta (30). Desta forma, os funcionários que entraram para trabalhar às 15h30 de terça continuam no local.
Apesar do comunicado, por volta das 7h15 desta quarta-feira (30), um caminhão com botijões de gás deixou a refinaria sem escolta. Cinco carretas de transporte de combustível entraram na refinaria antes das 7h. Os veículos são de uma mesma rede de postos em rodovias.
Na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense, a movimentação de caminhões de combustíveis também acontece normalmente nesta manhã.
Em Minas Gerais, o coordenador do sindicato da categoria, Anselmo Braga, informou que a Refinaria Gabriel Passos (Regap) está funcionando. Mais cedo, ele havia dito também que os funcionários estavam sendo impedidos de entrar no local. Depois, ele corrigiu a informação e disse que a paralisação era espontânea.
O Sindipetro, em Paulínia, informou às 8h desta quarta-feira que não foi informado sobre a decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que proíbe a greve iniciada e diz que cumpriu todas as prerrogativas legais do início de uma paralisação.
Os grevistas estão abordando os funcionários que chegam à Replan em ônibus fretados para convencê-los a não entrar na refinaria. Alguns estão descendo dos ônibus e outros seguem para dentro da refinaria. Os veículos não estão sendo impedidos de entrar pelos grevistas.
Trabalhadores da Refinaria Henrique Lage, em São José dos Campos (SP) se concentraram em frente à portaria da unidade e participaram de uma assembleia. Durante a paralisação, um mínimo de efetivo deve continuar trabalhando por questões de segurança, pois a refinaria não pode ficar parada.
Petroleiros fizeram um ato pacífico em frente à Refinaria Abreu e Lima, no Complexo Portuário de Suape, em Pernambuco. Segundo Rogério Almeida, coordenador do Sindpetro PE/PB, a adesão ao movimento grevista é parcial e não afeta a produção.
A Refinaria de Caxias (Reduc) opera normalmente. De acordo com Luciano Leite, diretor do Sindspetro Caxias, apenas alguns petroleiros aderiram à paralisação e as empresas já chamaram funcionários extras para não comprometer a produção.
Na Bahia, a paralisação começou com atos na sede da estatal, no bairro da Pituba, em Salvador. Há também concentrações de trabalhadores na Refinaria Landulpho Alves (Rlam), no Polo Petroquímico de Camaçari; na sede da Transpetro, em Madre de Deus; e no Campo Petrolífero Miranga, em Pojuca. Segundo Radiovaldo Costa, diretor do Sindipetro Bahia, por se tratar de uma greve por tempo determinado, as mobilizações não irão provocar a paralisação total da produção, mas um controle nas atividades.
No Rio de Janeiro, trabalhadores das plataformas da Bacia de Campos, do terminal de Cabiúnas e bases de terra, participam da paralisação, mas a assessoria de comunicação do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) não soube informar sobre o percentual de adesão dos trabalhadores ao movimento.
O Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES) realiza um protesto na entrada da sede da Petrobras, na Reta da Penha. Segundo o diretor do Sindipetro-ES, Valnisio Hoffman, a paralisação não vai afetar a população. “As unidades estão fazendo cortes de rendição e os trabalhadores não entram. Mas quem continua lá dentro está produzindo. Não terá nenhum prejuízo para a população”, disse.
O sindicato da categoria no Sergipe informou que há concentrações de trabalhadores em greve na unidade Tecarmo, na Zona de Expansão de Aracaju; na sede da Petrobras, na Rua Acre, também na capital; na Fábrica de Fertilizantes (Fafen), em Laranjeiras; e na unidade de Carmópolis.Nesses locais, apenas os terceirizados estão trabalhando.
Fonte: G1