A menina Mikaelly de Oliveira Ribeiro, de um ano e sete meses, foi sepultada na manhã desta terça-feira (20), no Cemitério Municipal de Juiz de Fora. Ela foi espancada e enterrada no quintal de uma casa em Teresópolis, em agosto de 2017.
De acordo com a Polícia Civil, a suspeita é que a mãe e o padrasto sejam os autores do crime. Os dois estão presos desde o último sábado (17). A criança e a mãe, de 19 anos, são naturais de Juiz de Fora.
De acordo com informações da funerária, o sepultamento estava previsto para 16h de segunda (19), mas houve demora na liberação da declaração de óbito e o corpo chegou à cidade mineira às 22h. Após um velório com caixão lacrado apenas para familiares, houve o sepultamento.
O caso é investigado pelo delegado adjunto da 110ª Delegacia em Teresópolis, Diogo Schettini. Na decisão pela prisão preventiva do casal, o juiz Carlos André Spielmann afirmou que “há indícios da participação de ambos os indiciados nos maus-tratos que resultaram no padecimento da menor”, conforme o texto.
A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) do Rio de Janeiro para saber onde estão presos os dois suspeitos e aguarda retorno.
Avó chora morte da neta
Em entrevista ao MGTV 1ª Edição desta segunda-feira (19), a avó da vítima, Rosana Soares de Oliveira, desabafou. “O mundo desabou, estou sem chão. Não tenho nem o que falar, pois a gente era muito agarrada”, disse.
Antes de mudar para o RJ, a criança morava com a mãe, Rayane de Oliveira Gonçalves, e os avós no Bairro Linhares. A avó contou que a filha conheceu o companheiro em julho de 2017 pela internet.
“Ela foi na rodoviária buscar o rapaz que chegou aqui de noite. A família toda falou para ela não ir embora e esperar um pouco, namorar primeiro e depois ir morar junto”, contou.
Segundo Rosana, a filha se mudou com o homem para Teresópolis e, sempre que tentava contato, ela dizia que a neta estava bem e que traria a menina para passar o aniversário de dois anos com a família em Juiz de Fora.
A avó afirmou que só conseguiu contato com a filha até o dia 15 de novembro. “O rapaz bloqueou o telefone de todo mundo, tirou as redes sociais e ninguém conseguia retornar as ligações”, relatou.
Posteriormente, Rayane chegou a mandar mensagens pedindo socorro até Rosana descobrir que a neta estava morta.
“Ele fez o que fez com a minha netinha, pegou a minha filha, bateu nela, levou para Itapemirim e alugou uma casa lá. Foi onde os vizinhos viram e uma moça falou: ‘pode deixar que vou na delegacia e vou ajudar vocês’. Ela chamou a Polícia Civil, ai eles foram lá e pegaram minha filha”, disse a avó da criança.
Conselho tutelar foi acionado em MG
O Conselho Tutelar de Juiz de Fora acompanha o caso desde agosto de 2017. De acordo com o conselheiro Laurindo Rodrigues, a unidade de Teresópolis foi acionada devido a dificuldade de contato da família com a mãe da criança. “O caso chegou para nós no dia 12 de agosto e o caso deve ter acontecido no dia 4 de agosto”, explicou.
O conselheiro faz um alerta para que outras meninas tenham cuidados específicos com relacionamentos e salientou que em casos em que a criança está correndo risco, a família pode impedir que a criança siga viagem. “Se vê que há risco, entre na justiça, peça uma liminar e impeça essa criança de ir viajar”, disse.
Troca de acusações
A mãe da menina disse à Polícia Civil que conheceu o padrasto na internet. “A mãe narrou que o padrasto espancou impiedosamente sua filha, matando-a e enterrando o corpo na casa onde moravam. Alegou que não fez contato com as autoridades pois foi ameaçada de morte”, disse Schettini.
Em depoimento, ela negou qualquer participação no crime. No entanto, após o corpo ser encontrado, policiais localizaram o padrasto, que contou uma versão contrária, também em depoimento. Segundo o delegado, ele afirmou que a mãe agrediu, matou e enterrou a criança.
Para a Policia Civil, ambos cometeram o crime. “Ela (mãe) confessou que ajudou a enterrar a criança, entretanto, disse que quem matou foi o padrasto. Já o padrasto diz que ajudou apenas a enterrar a criança e que quem matou e quem judiava da criança era a mãe”, revelou o delegado.
Tanto a mãe quanto o padrasto podem responder por homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
Fonte: G1